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Veja o que os números dizem sobre a população idosa no Brasil

A transição demográfica brasileira impactou e trouxe mudanças no perfil demográfico e epidemiológico, produzindo demandas que requerem respostas das políticas sociais, implicando em novas formas de cuidado.  

A transição demográfica brasileira impactou e trouxe mudanças no perfil demográfico e epidemiológico , produzindo demandas que requerem respostas das políticas sociais, implicando em novas formas de cuidado.

Projeções do IBGE de como ocorrerá o crescimento populacional brasileiro até 2060
Segundo o IBGE, obtiveram-se 800 mil pessoas a mais em 2018, quando comparado ao ano de 2017. Entretanto, esse crescimento vem sendo menor a cada ano. Isso fica claro ao verificarmos que em 2017, segundo o IBGE, existiram cerca de  1,6 milhões de pessoas a mais em relação à 2016.

Dois motivos podem justificar essa desaceleração no crescimento populacional:

  • Menor taxa de fecundidade: visto que mulheres estão engravidando cada vez mais tarde devido as mesmas  priorizarem o mercado de trabalho. Além disso, evoluções tecnológicas auxiliam a uma gravidez mais tardia. Atualmente, a taxa de crianças com até 14 anos de idade (no Brasil) é de 21%, em 2060 se espera que diminua para 15%. 
  • Aumento da expectativa de vida: segundo o IBGE, hoje a expectativa de vida é de 76,2 anos e em 2060 se espera que seja de 81 anos. O IBGE espera que em 2060 a população de idosos no Brasil componha 32% do total, tal população que em 2018 correspondia a 13%.

No entanto, os dados do IBGE demonstram que o processo de crescimento da população irá desacelerar tanto que, 
até  o ano  de 2050, o crescimento cessará  (acarretando em uma transição demográfica), a partir disso o Brasil começará a viver  a realidade de países como Japão e Portugal, os quais possuem grande quantidade de pessoas idosas (que tenham 60 anos ou mais).


Esse é um fenômeno que está ocorrendo no mundo todo. Segundo a OMS, estima-se que até 2050 o número de idosos no planeta quase que duplique de cerca de 12% (900 milhões) para 22% (2 bilhões).


Crescimento populacional de idosos em cada região do Brasil

Alguns estados experimentarão primeiro o processo envelhecimento da população, é o caso dos estados localizados no Sul e Sudeste do Brasil, como o Rio Grande do Sul  e o Rio de Janeiro, os quais, de acordo com o IBGE, poderão vivenciar o fenômeno nos anos de 2029 e 2033, respectivamente.

Já regiões como Norte e Nordeste podem passar por esse fenômeno mais tardiamente. O Norte tem as populações mais jovens do país, com idade média de aproximadamente 24 anos. 

Por outro lado, Sul e Sudeste possuem populações com idade média de aproximadamente 35 anos. Acredita-se que, em 2060, o Norte não conseguirá atingir o os números populacionais de expectativa de vida que o Sul e Sudeste tiveram em 2018.

Até 2060, envelhecerão mais homens ou mulheres?

Sabe-se que, a expectativa de vida em 2016, para ambos os sexos, aumentou para 75,72 anos, sendo 79,31 anos para a mulher e 72,18 para o homem. Esses dados representam uma importante conquista social, resultado da melhoria das condições de vida, como 

  • Ampliação do acesso a serviços médicos preventivos e curativos; 
  • Avanço da tecnologia médica;
  • Ampliação da cobertura de saneamento básico;
  • Aumento da escolaridade e da renda;
  • etc. 
Contudo, até 2060, acredita-se que o crescimento da expectativa de vida será maior entre os homens (7%) do que entre as mulheres (5,5%). 

Como as mulheres podem contribuir para a transição demográfica?

As pesquisas do IBGE identificaram uma alteração na idade em que as mulheres engravidavam pela primeira vez. Em 2010, essa idade era de 26,5 anos. Em 2018, passou a ser de 27,1 e em 2060 se espera que seja de 28,8 anos.

Além do mais, a taxa de fecundidade atualmente é de 1,77. Em 2060, espera-se que seja de 1,66. Logo, o que podemos esperar com tudo isso é um ambiente em que a presença de idosos seja prevalente.

Em 2018 o país teve 1,6 milhões de nascimento a mais que óbitos. Em 2060, espera-se que ocorram 736 óbitos a mais que nascimentos.

Qual é o perfil epidemiológico da população idosa?

A população idosa é caracterizado pela tripla carga de doenças com grande predomínio das doenças crônicas, prevalência de elevada mortalidade e morbidade por condições agudas decorrentes de causas externas e agudizações de condições crônicas. Além disso, segundo a OMS, 15% dos idosos sofrem de algum transtorno mental e mais de 20% são afetado por transtornos mentais ou neurológicos.

Segundo a OMS, os transtornos mentais mais comuns em idosos do mundo todo são: demência (5%), depressão (7%), ansiedade (3,8%) e problemas com o uso de substâncias (1%). 

Em um estudo feito pela universidade de Cambridge em toda a Europa chegou aos resultados de que um em cada dois indivíduos sofreu um distúrbio mental durante a sua vida, um em cada três no último ano e quase um em cada quatro tem atualmente um distúrbio mental. Os distúrbios mais prevalentes foram os transtornos de ansiedade, seguidos por transtornos afetivos e relacionados à substância.

A maioria dos idosos é portadora de doenças ou disfunções orgânicas, mas cabe destacar que esse quadro não significa necessariamente limitação de suas atividades, restrição da participação social ou do desempenho do seu papel social. Os idosos fazem importantes contribuições à sociedade, à família e podem ter uma ativa força de trabalho.

No cenário internacional, a discussão sobre envelhecimento da população mundial teve como marco a aprovação do Plano Internacional para Envelhecimento, conduzido pela ONU, em Madri, no ano de 2002, que estabeleceu como objetivo garantir o envelhecimento seguro e digno para todas as populações do mundo com participação e lugar nas sociedades como cidadãos plenos de direitos.


Fonte: 

1. Universidade de Cambridge. Prevalence of mental disorders in elderly people: The European MentDis_ICF65+ study.

2. Folha de São Paulo. Cada vez mais velha, população brasileira chega a 208 milhões.

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