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Feridas Cutâneas: A escolha do curativo adequado

O tratamento de feridas na pele pode ser gerenciado de maneiras diferentes. Os avanços tecnológicos nos dão a chance de usar uma variedade de produtos para atender aos resultados desejados da ferida, no entanto, o tratamento de feridas com lesões de pele grandes leva tempo, paciência e compreensão para alcançar o resultado correto.

Feridas e lesões possuem diferentes curativos para a pele, o que gera a cicatrização.

Os curativos são uma forma de tratamento das feridas cutâneas e sua escolha depende de fatores intrínsecos e extrínsecos. O tratamento das feridas cutâneas é dinâmico e depende, a cada momento, da evolução das fases de cicatrização. 

Atualmente são inúmeras as opções de curativos existentes no mercado. Assim, são alguns dos aspectos a serem considerados no momento da escolha do tipo de curativo, que devem ser adequados à natureza, à localização e ao tamanho da ferida:
  • Os recursos financeiros do paciente e/ou da unidade de saúde;
  • A necessidade de continuidade da utilização do curativo, inclusive com visitas domiciliares;
  • A avaliação de benefícios e custos.
Embora haja uma grande variedade de curativos, um só tipo de curativo não preenche os requisitos para ser aplicado em todos os tipos de feridas cutâneas.

Para incisões cirúrgicas, a oclusão deverá ser por 24 a 48 horas mantendo o curativo seco. Nas feridas abertas, a antiga controvérsia entre curativo seco e curativo úmido deu lugar a uma proposta atual de oclusão e manutenção do meio úmido.

A cicatrização através do meio úmido tem as seguintes vantagens quando comparadas ao meio seco: 

  • Prevenir a desidratação do tecido que leva à morte celular; 
  • Acelerar a angiogênese; 
  • Estimular a epitelização e a formação do tecido de granulação; 
  • Facilitar a remoção de tecido necrótico e fibrina; 
  • Servir como barreira protetora contra microrganismo; 
  • Promover a diminuição da dor; evitar a perda excessiva de líquidos; 
  • Evitar traumas na troca do curativo. 

A grande variedade de curativos industrializados possibilita melhor adequação e manejo das diversas condições das feridas. Podemos nos defrontar, porém, com dúvidas em relação à forma de indicá-los já que os diferentes curativos podem ser aplicados em condições bastante semelhantes, tais como:


Condições Clínicas do Organismo

Deve-se frisar que, para a resolução de uma ferida o organismo e a área devem ter condições favoráveis. As condições clínicas desfavoráveis devem ser sanadas ou melhoradas para que se possa facilitar e acelerar a evolução natural do processo de cicatrização da ferida.

Extensão da Ferida

Em feridas com extensas e profundas placas necróticas, deve ser considerado o desbridamento cirúrgico, complementado pelo desbridamento químico através de pomadas ou curativos especiais. Em áreas com fibrina ou necrose superficial circunscrita, o desbridamento químico pode ser suficiente para limpar a ferida e possibilitar a reepitelização.



Infecção da Ferida

Quando não se evidencia necrose, mas há infecção ou em regiões passíveis de contaminação, a pomada com sulfadiazina de prata costuma ser uma boa indicação. Sua aplicação e retirada são fáceis e indolores. Contudo, deve-se estar atento ao fato de que, após 12 horas de contato da pomada com a ferida, esta sofre oxidação e perde seu efeito maior, apresentando aspecto viscoso e esverdeado, semelhante à secreção purulenta, mesmo sem infecção. 


Exsudação da Ferida

Com relação à exsudação das feridas, a avaliação deverá ser em relação às características e à quantidade de secreção produzida, à presença de infecção e à capacidade de absorção do curativo empregado. O profissional de saúde precisa estar ciente de que os curativos úmidos produzem secreções de aspectos diversos e estas secreções devem ser reconhecidas e informadas ao paciente e aos familiares.

Processo Cicatricial

Como o processo cicatricial evolui constantemente, certos curativos podem deixar de ser a melhor indicação após alguns dias. O acompanhamento adequado é fundamental e deve ser feito por pessoa capacitada. Além disso, os pacientes podem reagir de forma totalmente diferente, mesmo apresentando feridas semelhantes.

Os avanços tecnológicos nos têm possibilitado a utilização destes produtos que, evidentemente, aceleram a cicatrização das feridas e facilitam em muito a vida do paciente. Em muitos casos, a frequência da troca de curativo é menor e alguns, como os hidrocolóides, podem ser molhados, durante o banho, sem perder suas propriedades.O curativo a vácuo tem apresentado resultados interessantes, principalmente em feridas complexas e profundas ou em pacientes com feridas crônicas e doenças associadas. 


Custo-benefício

O preço é um aspecto relevante a ser considerado e alguns destes curativos são caros. A economia se fará, entretanto, pela diminuição do tempo de recuperação e, automaticamente, dos gastos embutidos neste período.

Embora o curativo ideal ainda não esteja disponível, contamos atualmente com um arsenal terapêutico capaz de enfrentar situações que há pouco pareciam insolúveis
e a tendência é que surjam cada vez mais novos produtos tentando conquistar seu espaço no mercado.


Fonte:
FRANCO, Diogo; GONÇALVES, Luis Fernando. FERIDAS CUTÂNEAS: A ESCOLHA DO CURATIVO ADEQUADO. Scielo, 2008.

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